O Castro da Torre encontra-se implantado sobre um pequeno promontório sobranceiro à margem direita do rio Ave. Possui vertentes relativamente abruptas com exceção da face nordeste que configura a ligação ao interior. A acrópole, relativamente plana e extensa, apresenta uma planta ovalada, atualmente muito alterada devido à construção de um muro de sustentação de terras para a criação do adro da capela da Nossa Senhora da Torre. A sua localização permite o acesso a terrenos agrícolas de aptidão agrícola elevada, formados pelos depósitos aluviares do rio Ave.
No momento da construção de uma habitação, na encosta sudeste do povoado, na década de 70 do século passado, surgiu, a cerca de três metros de profundidade – (…) “uma rua lajeada, muita cerâmica e pedras aparelhadas” (…). Na abertura do caminho de acesso à capela também se identificaram “alicerces de casas e muita cerâmica”. A análise dos materiais cerâmicos e as características topográficas do terreno apontam para uma ocupação da Idade do Ferro, período romano e época medieval. Desta última há notícia da existência de uma torre ameada, demolida no séc. XIX, para reutilização dos materiais construtivos na edificação da ponte sobre o rio Ave. O conhecimento oficial da existência da estação arqueológica por parte da Câmara Municipal remonta, pelo menos, à década de cinquenta, momento em que o então presidente da edilidade, Alexandre Lima Carneiro, sugeriu a sua aquisição (Sessão de 12 de abril de 1955).
Relativamente à ocupação da Idade do Ferro o conhecimento atual decorre apenas da análise e interpretação de materiais de superfície que remetem para uma cronologia relativa à Fase 2 da II Idade do Ferro. Apesar de se desconhecer a sua estrutura organizativa e respetivo sistema defensivo, as restantes características permitem identificá-lo como “castro agrícola”. Estruturado segundo os modelos indígenas, a sua implantação revela especificidades que o diferenciam dos assentamentos convencionais, nomeadamente pela proximidade a terrenos de elevada aptidão agrícola, a modéstia das condições naturais de defesa e a existência de uma única plataforma de ocupação estruturada segundo um sistema defensivo simplificado, composto apenas por uma muralha. Este povoado, instalado num momento adiantado da 2ª Fase, num quadro de desenvolvimento económico, tecnológico, demográfico e cultural da Cultura Castreja, em que a romanização começava a manifestar a sua influência, segundo a análise dos materiais recolhidos, ter-se-á mantido em funcionamento no séc. I-II.