Com a implantação do liberalismo, um forte pacote legislativo libertou de entraves a frágil produção industrial portuguesa que, posteriormente, viria a ser protegida da concorrência externa pela política protecionista da administração setembrista. Criaram-se, assim, as condições necessárias para que a indústria artesanal e manufatureira evoluísse para formas mais próximas do capitalismo. O processo teve início em meados do séc. XIX, em Lisboa, com a utilização das primeiras máquinas a vapor, a implementação da divisão do trabalho e do sistema de produção em cadeia, dando-se assim começo à estruturação e padronização do processo de produção. Apoiada pela política de fomento de Costa Cabral e, posteriormente, pela Regeneração, a indústria estendeu-se a novas regiões do país e tornou-se mais diversificada. No entanto, o seu desenvolvimento foi tardio, lento e incipiente.
A indústria têxtil algodoeira do Vale do Ave tornou-se, com o decorrer do tempo, num dos mais importantes setores produtivos nacionais, quer pelos índices de produção e respetivo peso nas exportações, quer pela elevada concentração de mão-de-obra envolvida no processo produtivo. A sua implantação regional, localizada essencialmente nos distritos do Porto e Braga, com significativo peso no Vale do Ave, não oculta a sua dimensão nacional, tendo constituído um dos setores industriais mais representativo do tecido produtivo português.