A Fábrica de Fiação de Tecidos de Santo Tirso nasceu de uma disposição testamentária do Conde de S. Bento, executada pelo seu sobrinho José Luís de Andrade. Este benemérito tirsense deixou um legado destinado à construção, na vila de Santo Tirso, de uma fiação de algodão, a exemplo da Fábrica do Rio Vizela. No contrato estabelecido com a Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso, datado de 21 de fevereiro de 1894, identifica-se esta instituição como obrigada a executar a vontade testamentária do Conde. O concurso lançado em 1895 foi ganho pela sociedade “Vavasseur, Hagreaves & Costa, em comandita”. A escritura celebrada no ano seguinte, a 26 de maio, transferiu para a sociedade parte dos terrenos da Quinta de Fora, propriedade do antigo mosteiro beneditino, e o capital inicial de 10.000$000 reis, que seria duplicado pela sociedade.
A primeira gerência da empresa foi constituída por Tomáz Hargreaves, engenheiro de filiação inglesa; Honoré Vavaseur, alsaciano e diretor técnico da Fábrica de Fiação e Tecidos do Rio Vizela e João Gualberto Costa, industrial portuense. A fábrica ficou concluída em 1900. Durante o século XX a Fábrica de Fiação e Tecidos de Santo Tirso adotou várias designações fruto da sua história. A empresa verticalizou o seu processo produtivo, tornando-se o algodão a principal matéria-prima.
Após três décadas de laboração, pontualmente abalada pela conjuntura económica e política do país – designadamente o período de implantação da 1.ª República, a 1.ª Guerra Mundial e a crise de 1929 –, a partir de 1939, a Fábrica iniciou um novo ciclo, embora interrompido pela morte do seu administrador, António José da Silva Teles Júnior. Sucedeu-lhe na gerência o seu filho, António Borges da Silva Teles. Volvidos três anos, a empresa lançou um projeto que marcou de forma indelével a unidade fabril, cujas obras de ampliação viriam a dar forma ao complexo industrial que chegou até ao momento de encerramento. Entre 1942 e 1945, ainda com a 2.ª Guerra Mundial como pano de fundo, António Borges da Silva Teles inicia a construção de um complexo conjunto arquitetónico de apoio à área de laboração – escritórios, armazéns, vestiários, oficinas de serralharia, mecânica e carpintaria para, posteriormente, duplicar a área de laboração com a construção da nova fiação e a ampliação da tinturaria.
Nas décadas de 1940 e de 1950, Sequeira Braga projetou a remodelação e ampliação da Fábrica com propostas construtivas que marcaram um novo facies da unidade industrial, que se mantiveram em funcionamento até ao seu encerramento. Com as mesmas caraterísticas arquitetónicas, que refletem as conceções estéticas do “modernismo português”, projetou o Bairro Operário, concluído em 1955.
Em 1970, verificou-se uma nova mudança na gestão da Fábrica cujos efeitos se fizeram sentir de forma generalizada em todos os sectores. A saída de António Borges da Silva Teles foi colmatada pela incorporação Eng.º Ireneu Moreira Pais e por Eduardo Leal na administração.
A produção da “Fábrica do Teles” era destinada maioritariamente ao mercado nacional e às colónias. Após a revolução de 1974 a empresa orientou a sua produção para o mercado estrangeiro. Em 1984, numa fase em que a Fábrica já dava sinais de alguma fragilidade financeira, os novos administradores tentam inverter a situação introduzindo alterações significativas nos espaços laborais e nas linhas de produção de forma a ajustarem os serviços às necessidades de melhoria de produtividade, todavia, o processo de desindustrialização que atingiu o Vale do Ave nas décadas de oitenta e noventa do século passado provocou a falência da unidade industrial. A empresa encerrou as portas em 1993.