O Monte Padrão constitui uma referência incontornável no panorama da arqueologia do Norte de Portugal, cujo interesse científico tem vindo a ser evidenciado pelos resultados das intervenções arqueológicas desenvolvidas nas duas últimas décadas, como reflete a extensa bibliografia publicada sobre o imóvel. A área arqueológica encontra-se classificada como Monumento Nacional desde 1910 e está dotada de uma ZEP estabelecida em 2011.
Localiza-se na freguesia de Monte Córdova, concelho de Santo Tirso, a poucos quilómetros a sudeste da sede do concelho. O acesso pode fazer-se a partir da povoação de Monte Córdova, em direção ao lugar de Quinchães, tomando-se, de seguida, o caminho florestal que permite o acesso à Capela do Senhor do Padrão que se localiza no sopé do povoado. O seu topónimo do castro ficou a dever-se ao achado de uma cruz recolhida na acrópole do povoado que deu origem à edificação da capela do Senhor do Padrão, construída no segundo quartel do séc. XVIII.
A sua implantação, de grande protagonismo na paisagem, revela uma posição de destaque na região, permitindo um amplo controlo dos principais eixos de circulação. Ocupa um esporão rochoso da Serra de Monte Córdova, que corresponde a um dos relevos mais significativos da vertente oeste, na área limite das bacias hidrográficas dos rios Ave e Leça. Topograficamente carateriza-se pela existência de uma plataforma superior de planta oval, relativamente plana e extensa, que, grosso modo, corresponde à área definida pela primeira muralha do povoado. A sua implantação proporciona boas condições naturais de defesa. As faces norte, sul e oeste possuem vertentes com pendor acentuado, apresentando-se a encosta leste mais suave e curta, configurando uma zona de ligação ao interior do maciço montanhoso.
O substrato geológico da região corresponde à grande mancha de granito da face oriental do concelho de Santo Tirso, identificando-se a variedade porfiroide como predominante. Na área envolvente do castro existem terrenos de elevada aptidão agrícola ao longo das margens do rio Leça, em faixas estreitas e descontínuas, que confrontam com terrenos de aptidão agrícola moderada que ocupam praticamente toda a área da depressão do planalto de Monte Córdova, cujo recorte forma a rede de drenagem do tramo superior do rio Leça.
As referências da cultura material e as sequências estratigráficas identificadas no Monte Padrão documentam uma longa ocupação que tem início no Bronze Médio até ao 2º quartel do séc. XVII, registando-se um hiato entre o fim da ocupação romana e a Alta Idade Média.
Fases de ocupação
De acordo com os resultados das intervenções realizadas foi definida uma cronologia das diferentes fases de ocupação que serve como referência para classificação cronológica dos materiais.
Fase I – ……|1250 a.C. (BM)
Fase II – 1250 a.C. | 1000 a.C. /900 a.C. (BF /1ª Fase)
Fase III – 1000 a.C. / 900 a.C. | 700 a.C. (BF /2ª Fase)
Fase IV – 700 a.C.| 500 a.C. / 450 a.C. (Iª IF)
Fase V – 500 a. C. /450 a. C.| 200 a. C. (IIª IF/ 1ª Fase)
Fase VI – 200 a.C.| Tibério/Cláudio (IIª IF /2ª Fase)
Fase VII – Tibério/Cláudio | 1ª Metade do séc. II
Fase VIIa – 1ª Metade séc. II | Meados do séc. III
Fase VIII – 900 | Finais séc. XII
Fase IX – Finais do séc. XII | 1ª Metade do séc. XVII
Fase X – 1738 | —-