A necrópole galaico-romana de Rorigo Velho, Santiago de Bougado, foi descoberta em 1939 num terreno agrícola localizado a cerca de trezentos metros da EN n.º 14, que liga a cidade do Porto a Braga. Presumivelmente, a estrada neste local é coincidente com a via romana de ligação de Bracara Augusta a Cale, registando-se nas imediações vários locais em que se recolheram materiais de superfície que permitem admitir a existência de uma ocupação efetiva na área envolvente. Após a identificação de fragmentos cerâmicos no início dos trabalhos de arroteamento do terreno e dado a conhecer a existência de vestígios arqueológicos, foi efetuada uma intervenção arqueológica que teve como responsáveis Mendes Correia e António Cruz, coadjuvados por António Marques de Almeida. A escavação inicialmente consistiu na aberta de uma vala de 9 m por 2 m, tendo sido posteriormente abertas outras valas de 1,5 m.
O relato da escavação, apesar de pouco detalhado, permite perceber que se trataria de uma necrópole de incineração – (…) o mobiliário assentava em escórias de fogo (…) –, tendo sido escavadas na totalidade oito sepulturas, cinco completas e três parcialmente destruídas, aludindo-se ao facto de as restantes, identificadas pelo aparecimento de cerâmica, terem sido destruídas pelos trabalhos agrícolas. Segundo os autores, a dimensão das sepulturas rondava 80×40 cm, pelo que se presume que configurariam uma planta retangular, sendo a sua distribuição aleatória. O espólio era composto por cerâmicas, vidros, moedas e um par de brincos em prata. Atualmente, o espólio conhecido encontra-se repartido entre o Museu Municipal Abade Pedrosa, a Faculdade de Ciências do Porto e diversos particulares e é composto por quarenta e cinco peças – quarenta e quatro objetos cerâmicos e uma pulseira de vidro.
As cerâmicas, do ponto vista formal dividem-se em cinco grupos – pratos, taças, copos, jarros / púcaros, bilhas. Como elemento cronológico de referência para a datação da necrópole merece destaque a alusão à recolha de cinco moedas, cujo paradeiro se desconhece, descritas pelos autores da seguinte forma – (…) 2 médios bronzes, do imperador Alexandre Severo (222-234); 1 duplo denário do imperador Galieno (263-266); 1 médio bronze e 1 médio ou grande bronze, romanos imperiais, inclassificáveis (…) –, assim como um prato de terra sigillata africana tipo Hayes 67 datado da 2ª metade do séc. IV – 1ª metade do séc. V.