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Garrafa prismática

Proveniência – Monte Padrão, Monte Córdova, Santo Tirso.

Material – Vidro translúcido de boa qualidade, desprovido de bolhas de ar e impurezas, de cor azul-água (5368/6).

Descrição – Fragmento de bordo e arranque de parede de garrafa prismática soprada em molde. O bordo forma uma aba para o exterior, curta, ligeiramente descendente, rematada por um lábio arredondado. O interior é perfeitamente vertical e bem destacado do arranque do gargalo por uma reentrância de perfil em V. Não possui decoração.

As garrafas prismáticas constituem uma das formas mais bem representadas em Portugal. Cronologicamente, estas peças começam a ser produzidas a partir do reinado de Cláudio e mantendo-se até ao século II, sendo, no entanto, o seu auge na época flávia. As garrafas do séc. III e IV são em menor número e já de inferior qualidade, com vidro delgado e com muitas impurezas.

Os seus principais rasgos morfológicos consistem no facto de possuírem um corpo quadrangular com fundo plano ou ligeiramente côncavo. O gargalo é cilíndrico e curto de perfil troncocónico, rematado por um bordo espesso, em forma de aba, com lábio arredondado.  Apresenta uma ou duas asas aplicadas de perfil retangular com nervuras longitudinais que se desenvolvem a partir do ombro ao limite inferior do bordo. As suas dimensões variam entre 12 e 43 cm de altura.

São peças sopradas em molde, possivelmente de madeira, em cujo fundo se gravavam em baixo-relevo composições geométricas, florais, motivos figurativos e as marcas de oficina, de forma que quando sopradas ficassem com a decoração em relevo no fundo. As suas cores predominantes são o azul-gelo e o verde-água. É um vasilhame muito característico de época alto-imperial, geralmente associado à comercialização de produtos importados, com o vinho, o azeite, e o garum.

Classificação e cronologia – Tipo Isings 50 / Monte Córdova / Fase VI-VIIa.

Dimensões – Diâmetro máximo do bordo 99 mm; Comprimento máximo 14 mm; Espessura máxima 6 mm.

Depósito – MMAP [PAD. 92 A, op. 06].

Bibli. – MOREIRA 2007, 143.